Manifesto 1
Novos ventos sopram no mundo. A força das idéias e da organização dos povos recoloca esperanças diante da melancólica ordem imposta pelos poderosos. Uma sociedade pautada pelas regras infinitas do mercado é uma sociedade sem futuro.
O povo que se levanta em todos os continentes é rebelde por muitas causas. O autoritarismo das péssimas condições de vida somado à prisão de ser governado por regimes pseudo-representativos é o que dá o tom deste novo grito.
O atual sistema econômico, desesperado diante de sua própria crise, arranca mais e mais direitos sociais justamente de quem vive do trabalho. As elites do globo tentam transformar sua falência em mais exploração do povo.
Os regimes políticos, por sua vez, demonstram esgotamento e incapacidade total de refletir às vontades das maiorias. Hoje em dia, quem paga manda. E é assim em todas as partes, sejam elas comandadas pelas ditaduras com cara de democracia ou as democracias com corpo de ditadura.
Nas ruas e praças a população vem corrigir os desavisados: a história não acabou. Não queremos mais ser “sem-direitos”. Queremos muito. E vamos atrás desse mundo novo pois somos indignad@s. Mas não só. Somos também irredutíveis. Insaciáveis.
No Brasil
A desigualdade social é a principal marca deste país, desde que ele existe como tal. Entra governo e sai governo e essa estrutura permanece a mesma. Tudo aquilo que foi conquistado com muito sangue e suor, se desmancha com algumas canetadas nos gabinetes, negociatas nos parlamentos e com repressão nas ruas.
Os governos federal, estaduais e municipais implementam uma política de desenvolvimento com grandes projetos e megaeventos que reforçam a lógica do lucro em detrimento da qualidade de vida da população e da preservação do meio ambiente.
Quem somos
Somos muitos e diferentes. E a partir da nossa diversidade nos unificamos em torno do 15 de outubro. A juventude do mundo inteiro irá se manifestar neste dia, com suas pautas locais e seus sonhos globais. Os povos em luta no Oriente Médio, Inglaterra, Grécia, Espanha e Chile se unificam neste dia.
Os participantes dessa manifestação fizeram parte de tantas outras. São integrantes de movimentos sociais e organizações sociais, estudantes, militantes. Temos como princípio a auto-organização e o auto-financiamento. Não aceitamos dinheiro de nenhuma empresa ou entidade que vise o lucro, seja ela qual for. O movimento tem autonomia diante do Estado, das empresas e de qualquer partido, mas respeita a participação destes.
Venha participar! É hora de mostrar sua indignação com o sistema capitalista. A união de tod@s @s indgnad@s mostrará que o povo quer transformações profundas na sociedade. Queremos construir uma democracia direta e participativa. Traga sua bandeira, sua vontade e sua voz!
Veja nossas bandeiras:
- Contra o estado penal e a criminalização dos movimentos sociais e da classe trabalhadora. Contra a utilização de armas nas manifestações populares.
- Contra as remoções de famílias para construções de obras da Copa e Olimpíadas.
- Fora Ricardo Teixeira.
- Por um SUS público e de qualidade. Contra as OSs e as Fundações Estatais de Direito Privado.
- Tarifa zero já. Contra o aumento das passagens de ônibus e metrô. Contra privatização dos transportes e à cultura do automóvel.
- 10% do PIB para a educação pública, gratuita e de qualidade já.
- Revogação das concessões fraudulentas de rádio e TV no Brasil.
- Internet banda larga para todos em regime público e gratuito.
- Revogar a lei 9612/98: pelo fim da criminalização de rádios e comunicadores comunitários
- Por uma legislação de direitos autorais que valorize o artista, desprivatize a cultura e favoreça o compartilhamento.
- Chega de racismo, preconceito e extermínio da juventude negra.
- Pelo fim da violência machista: contra os cortes de verbas do Pacto de Enfrentamento à Violência Contra Mulher feitos pelos governos federal e estaduais.
- Contra a criminalização das mulheres: legalização do aborto! Não ao bolsa-estupro e ao estatuto do nascituro.
- Em defesa do Kit Escola Sem Homofobia e outros instrumentos educativos de combate a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, sem concessões aos fundamentalistas.
- Chega de homofobia. Pela aprovação imediata do PLC 122 (projeto de lei que criminaliza a homofobia).
- Chega de “guerra às drogas” e criminalização dos usuários. Legalização da maconha.
- Contra o PAC, Belo Monte e o novo Código florestal.
- Por uma Comissão da Verdade, Memória e Justiça autônoma, que julgue os assassinos e torturadores. Cumpra-se a resolução da OEA!
- Todo apoio às reivindicações dos trabalhadores em greve.
- Retirada das tropas brasileiras no Haiti
Manifesto 2
Vinte e sete anos após o histórico Comício pelas Diretas, o Anhangabaú é palco de manifestações por democracia. Passadas duas décadas da chamada “Redemocratização”, é hora de questionarmos se vivemos, de fato, em um país democrático. A cada dia fica mais claro que o poder econômico tomou o controle de todo o processo político, de modo que, diferentemente do que diz a Constituição, não somos tratados como iguais.
Os políticos em Brasília têm poder de decidir por eles mesmos qual será o salário deles e também o salário do trabalhador comum. Basta olhar a diferença absurda entre o contracheque deles e os nossos para ver que eles representam apenas os seus próprios interesses e os do pequeno grupo de privilegiados que concentra a maior parte da riqueza de nosso país.
Eles decidem quanto cobrarão de tributos e também como nosso dinheiro será gasto; eles decidem destruir as florestas e rios sem consultar a vontade das populações indígenas, nem a dos contribuintes que arcarão com os custos da construção da Usina de Belo Monte; eles gerem o transporte público, mas chegam para “trabalhar” de helicóptero; constantemente, policiais (agentes do Estado) extrapolam suas atribuições agindo com violência desmedida contra moradores de rua e da periferia bem como contra manifestantes pacíficos. E pior, fazem isso dizendo estar agindo em nosso nome. Esses e outros exemplos demonstram que ELES NÃO NOS REPRESENTAM.
O movimento popular plural e independente #AcampaSampa propõe democracia direta (real, verdadeira, que esteja presente no nosso dia-a-dia). Defendemos o direito a voz para todos nos debates e queremos mudança completa do sistema politico e exigimos o direito de participar na construção do nosso Brasil. Chega de decisões unilaterais concentradas nas mãos dos mais ricos dentre os ricos.
AQUI VOCÊ TEM VOZ (como todos os outros)
No acampamento que se instalou sob o Viaduto do Chá desde o último dia 15 de Outubro todas as decisões são tomadas por consenso. Isso significa que as pessoas presentes têm direito a voz para expor suas propostas, críticas, sugestões, problemas e temas apresentados. Não importa sua idade, grau de instrução formal, sexo, raça, nem quanto dinheiro você tem (ou deve) no banco.
Convidamos você a se juntar ao movimento. A sua presença é muito importante. Venha participar das assembleias consensuais, decidindo junto o futuro do movimento e do Brasil. Caso não possa permanecer acampado, leve a discussão para todos os cantos da cidade e do país; pela internet, fazendo sua arte, na conversa com os amigos, como você quiser. Ocupemos as ruas e lembremos a essa cidade que ela tem VIDA.
Vamos recuperar nossos sonhos e o direito de decidir os nossos destinos do nosso país e do mundo.
Não Violência, Consenso e Autonomia de Estado, Governos, empresas e partidos.
(Estamos de baixo do Viaduto do Chá , no Vale do Anhangabaú)
PAZ A TODOS